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10 Discos Para Gostar de Ambient Music

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Ambient Music

Em pleno delineamento desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a Ambient Music só encontrou formação e maior entendimento por parte do público na primeira metade dos anos 1970. Fruto da ampla inclusão de sintetizadores na produção musical da época e relacionado aos inventos de propósito “comercial” expostos por Brian Eno, mesmo passada mais de três décadas e incontáveis transformações, o gênero ainda hoje encontra barreiras a ser apreciado. Erroneamente classificado como música para um público “evoluído”, a Ambient Music é a morada de uma diversidade de obras influentes,  trabalhos capazes de ir além de um possível limite atmosférico que o estilo parece involuntariamente atrelado.

À pedidos dos leitores e seguindo as mesmas bases para o especial 10 Discos Para Gostar de Dubstep, montamos uma seleção de dez obras (antigas e recentes) para quem pretende se aventurar pela Ambient Music e não sabe por onde começar. Uma compilação para não iniciados, mas que serve como reforço e descoberta para quem já se relaciona com discos do gênero. Listados em ordem alfabética, os dez álbuns foram classificados em três “níveis” – 1, 2 e 3 -, sendo o primeiro recomendado para quem nunca ouviu qualquer obra do gênero, e os restantes para ouvintes mais “experientes”.

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Aphex Twin

Aphex Twin
Selected Ambient Works 85-92 (1992, Apollo)

Enquanto o mundo aproveitava os últimos suspiros das experiências coloridas com Neon nos anos 1980, Richard D. James se trancou em casa para construir as bases do que viria alimentar a eletrônica na década seguinte. Compilado de tudo o que o excêntrico produtor irlandês construiu ao longo de sete anos, Selected Ambient Works 85-92, como o próprio título assume, é um catálogo cuidadoso de 13 composições que passeiam pela eletrônica com nítido esforço de invenção. Atento aos percursos da música Techno e ainda assim capaz de orquestrar uma massa sofisticada de ambientações firmadas na IDM, James usa de cada música do registro como um objeto independente. São músicas que se envolvem em ruídos brandos (Tha), faixas capazes de lidar com o cuidado dos arranjos (Ageispolis), ou mesmo imensos blocos sintéticos de pura experimentação (Green Calx). Faixas que parecem isoladas dentro de um universo particular, mas que ainda assim se agrupam em visível caráter de proximidade conceitual. [1]
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Substrata

Biosphere
Substrata (1997, All Saints)

O norueguês Geir Jenssen já havia alcançado uma medida sutil e melódica dentro dos primeiros inventos com o Biosphere, entretanto, foi somente ao alcançar o propósito sereno de Substrata, em 1997, que o trabalho do produtor pareceu realmente implantado. Desenvolvido ao longo de 11 faixas de pura comodidade instrumental, o disco encaixa ruídos, samples e doses leves de sintetizadores dentro de uma imensa colcha de retalhos ambientais. Claramente influenciado por Brian Eno e intencionado a perverter arranjos de música clássica em uma formatação totalmente eletrônica, Jenssen ocupa os quase 60 minutos do álbum como um exercício de aproximação e distanciamento com o ouvinte. Uma sobreposição pacata de pianos que atraem em uma medida essencialmente hipnótica, mas que se distanciam lentamente dentro de uma massa de experimentações que crescem em silêncio. Distante dos lampejos de House music concentrados nos trabalhos anteriores, o disco praticamente se transforma em uma imensa faixa única, tamanha a aproximação entre os sons e nuances musicais. [2]
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Brian Eno

Brian Eno
Ambient 1: Music For Airports (1978, Polydor)

O experimento e a busca por pequenos refúgios instrumentais sempre fizeram parte dos trabalhos de Brian Eno. Entretanto, é preciso observar que até a segunda metade da década de 1970, todos os inventos que acompanhavam o “pai da ambient music” pareciam limitados de forma intencional, lampejos suaves pelas texturas do Krautrock ou uma interpretação particular daquilo que havia sido testado previamente com o Roxy Music. Ainda que em Discreet Music (1975) e Before and After Science (1977) o músico britânico tenha se encontrado conceitualmente, foi só com a chegada da série Ambient que a suavidade na obra do produtor cresceu e foi aprimorada. Primeiro exemplar da sequência de lançamentos que definiriam o gênero e o trabalho do artista, Music For Airports traz no jogo singelo de sintetizadores e pianos as bases para toda a formação de uma das obras mais ricas da produção musical presente. Quase 50 minutos de ambientações detalhadas e ainda assim silenciosas. Um registro tão frágil que parece simplesmente se desfazer nos ouvidos do espectador. [1]
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Boards Of Canada

Boards of Canada
Music has the Right to Children (1998, Warp)

Reflexo natural de tudo o que alimentou a Ambient Music desde o fim da década de 1970, Music has the Right to Children, álbum de estreia do Boards Of Canda é ainda hoje uma das obras mais sutis e inventivas já feitas na eletrônica recente. Jogo de soluções atmosféricas tingidas pelo invento, o conjunto de 18 faixas é praticamente uma síntese de tudo o que foi explorado até o final dos anos 1990, antecipando em diversos momentos possíveis conceitos futuros. Como se as ambientações de Brian Eno encontrassem a música Techno de Aphex Twin em meio aos orquestrais do The Orb, o álbum acaba se alimentando de uma solução instrumental própria e referencial na mesma medida. Centenas de recortes musicais, batidas e vozes derramados em um composto matutino, tímido e ambicioso na mesma proporção, um trabalho que parece se transformar a cada nova audição. Fruto natural da convergência de ideias entre Mike Sandison e Marcus Eoin, idealizadores do projeto, o álbum inicialmente absorvido por uma parcela específica do público, viria a se transformar em um dos trabalhos mais influentes dos anos 2000. [1]

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Emeralds

Emeralds
Does It Look Like I’m Here? (2010, Editions Mego)

É quase possível sentir o trabalho do Emeralds em Does It Look Like I’m Here?. Primeiro registro oficial do extinto trio de Cleveland, Ohio, o projeto é a plena convergência das ideias e tendências particulares concentradas nos trabalhos solo de John Elliott, Steve Hauschildt e Mark McGuire. Delicado e perfumado durante todo o tempo pela essência de Brian Eno, Kraftwerk e outros veteranos da Ambient Music, o álbum foge do óbvio ao absorver uma tonalidade instrumental própria, fruto do encontro excêntrico das bases de cada colaborador. Enquanto guitarras fragmentadas tomam conta de The Cycle Of Abuse, sintetizadores se espalham confortavelmente por todo o restante da obra, contribuindo para o nascimento de músicas como Candy Shoppe e Summerdata. Ora sustentado nas repetições do Drone, ora íntimo de uma musicalidade essencialmente etérea, o disco transforma cada faixas em uma escada para a composição seguinte, resultando em um trabalho climático, porém, nunca tímido e estável. [1]

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Fennesz
Fennesz
Endless Summer (2001, Mego)

Nas mãos do produtor austríaco Fennesz, o verão ganha novo e particular sentido. Nada de sons convidativos, batidas contagiantes ou toda a pureza entusiasmada que circula em qualquer trabalho do gênero, em Endless Summer a calorosa estação acaba totalmente desconstruída. Utilizando de uma guitarra não convencional para criar as texturas e sobreposições ruidosas do trabalho, o produtor nos convida a experimentar sua própria concepção do verão, exercício que se faz visível tanto na extensão de faixas como Happy Audio (com mais de 10 minutos de duração), ou em sons mais curtos e efêmeros, tratamento pontuado com cuidado em Endless, com pouco mais de dois minutos de puro ruído e sonorizações nada comerciais. Ao mesmo tempo em que se afasta das convenções naturais que um trabalho do gênero deveria abordar, Fennesz acaba apresentando um novo significado ao clima quente da estação, temática que após algumas execuções se transforma em algo tão atrativo quanto o que é proposto pela suavidade do Beach Boys. (Resenha) [2]

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GAS

Gas
Pop (2000, Mille Plateaux)

Contrário ao que o título talvez aponta, Pop, quarto e último registro em estúdio do produtor germânico Wolfgang Voigt pelo Gas é um trabalho que não garante respostas rápidas e nem sonorizações de apelo comercial. Trata-se de um registro feito inteiramente em cima da sobreposição sutil de ruídos e amplas ambientações densas, uma espécie de refúgio instrumental mesmo em relação aos inventos prévios do artista. Inteiramente focado na construção de passagens minimalistas que se repetem em um condensado climático, o álbum traz nos sete atos que o sustentam uma composição feita de detalhes. Em uma primeira audição a homogeneidade do registro talvez assuste, afinal, cada arco instrumental proposto pelo produtor se conecta imediatamente a canção seguinte, aprisionando o ouvinte em plano hermético em que a redundância se apresenta como algo fundamental. De natureza complexa, o disco se revela como o último grande ato de Voigt, criador do selo Kompakt que utiliza de cada etapa do álbum como uma inevitável conexão com os trabalhos que antecedem sua maior obra. (Resenha) [3]

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Krautrock

Kraftwerk
Trans-Europe Express (Kling Klang)

Com o lançamento de Autobahn em 1974, o Krafwerk finalmente parecia finalmente ter encontrado uma medida assertiva para os experimentos eletrônicos que vinham desenvolvendo desde o começo dos anos 1970. A busca por uma sonoridade cada vez mais calcada em experimentos e resgates específicos da música clássica alemã fez com que ainda em 1975 o grupo já esboçasse uma nítida evolução, transformando Radio-Activity, quinto registro da carreira, nas bases para o que viria a alimentar o maior invento do grupo germânico: Trans-Europe Express. Lançado em março de 1977, o álbum cresce em uma medida ambiental de nítido alinhamento orquestral, trazendo na atuação precisa de Ralf Hütter e Florian Schneider a matéria-prima para o que viria alimentar boa parte da eletrônica e Ambient Music nos anos seguintes. Obra menos comercial de toda a discografia do grupo, é ao lado de Tago Mago (1971) do Can e a estreia do Neu! uma das principais obras do Krautrock. [1]

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The Orb

The Orb
The Orb’s Adventures Beyond the Ultraworld (1991, Big Life)

Bastaria ao duo formado por Alex Paterson e Thomas Fehlmann o primeiro registro em estúdio pelo The Orb para que a herança atmosférica da década de 1990 fosse cuidadosamente propagada. Lançado em Agosto de 1991, The Orb’s Adventures Beyond the Ultraworld é um verdadeiro passeio instrumental. Com quase duas horas de experimentos, colagens de referências e samples que dançam de acordo com as incorporações da dupla, o trabalho cresce em um misto de Acid House, Dub, Hip-Hop e plena absorção de marcas espalhadas pela música da década de 1970. São samples de Kraftwerk, Lee “Scratch” Perry, Brian Eno e todo um catálogo de artistas que surgem e desaparecem de acordo com as orquestrações suaves da dupla. Etéreo até o último segundo, o disco concentra no bloco imenso de 10 composições um agregado de essência futurística e ainda assim presente. Um som que parece flutuar pelo espaço (Back Side of the Moon), ao mesmo tempo em que mantem o corpo todo preso ao chão (Earth). [2]
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Tim Hecker

Tim Hecker
Ravedeath, 1972 (2011)

Tim Hecker é dono de um dos catálogos mais inventivos de tudo o que abastece as climatizações da Ambient Music recente. Caminhando com sobriedade em um terreno marcado pela tonalidade cinza dos sons e abastecido pela linearidade do Drone, o produtor canadense fez de Radio Amor (2003) e Harmony in Ultraviolet (2006) algumas das obras mais coesas do gênero dentro do novo século. Ao alcançar Ravedeath, 1972, entretanto, os possíveis limites e naturais redundâncias que lentamente se aproximavam do músico caíram por terra. Ainda que se trate de um regresso aos primeiros álbuns, todo o esforço de Hecker se concentra no desenrolar de uma imensa tapeçaria de ruídos – alguns climáticos, outros nem tanto. Ambientando elementos do Shoegaze dentro de um invento tomado por arranjos clássicos, o álbum se desenvolve em uma medida nostálgica e de forte apelo urbano, um ruído imenso e carregado de detalhes que percorre o disco da primeira à última faixa. [3]

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